''MEU SER VIVE NA NOITE E NO DESEJO. MINHA ALMA É UMA LEMBRANÇA QUE HÁ EM MIM''

terça-feira, 31 de agosto de 2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Confuso

tô bem de baixo prá poder subir
tô bem de cima prá poder cair
tô dividindo prá poder sobrar
desperdiçando prá poder faltar
devagarinho prá poder caber
bem de leve prá não perdoar
tô estudando prá saber ignorar
eu tô aqui comendo para vomitar

eu tô te explicando
prá te confundir
eu tô te confundindo
prá te esclarecer
tô iluminado
prá poder cegar
tô ficando cego
prá poder guiar

suavemente prá poder rasgar
olho fechado prá te ver melhor
com alegria prá poder chorar
desesperado prá ter paciência
carinhoso prá poder ferir
lentamente prá não atrasar
atrás da vida prá poder morrer
eu tô me despedindo prá poder voltar

PASSSEEEI.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular vestibular

...e as borboletinhas tomam conta do meu estômago mais do que em qualquer outra ocasião. O resultado do meu primeiro vestibular sai hoje. Sorte pra mim.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

24 - Noite de Lua Cheia

A noite é nua na noite de lua cheia

O céu flutua na noite de lua cheia
O amor atua na noite de lua cheia
Ocupa a rua na noite de lua cheia

Calma, queda a alma
Clara a emoção
Branca e branda a chama
Tão morna a paixão

Longe leva a vista
Leve leva o ar
Luva veste a terra
Leite lava o mar

Love, love quase se vê
Move, move em mim, em você
Chove, chove prata sobre nós
Ouve, ouve, deve ser a lua, sua voz

É quando quero, quando espero um grande amigo
É quando vivo por um bom motivo - a lua
É quando sinto que não minto quando digo:
Não há perigo, tenho um grande abrigo - a rua

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ânsia de Infinito


Em carta a Guido Battelli, diz Florbela:
”O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu
nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta,
atormentada, uma alma que não se
sente bem onde está, que tem saudade…
sei lá de quê"

Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
alomoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ardente (Ney Matogrosso)

Eu sou ardente, não vou negar
Gosto de me secar ao sol
Aprecio qualquer paixão
Qualquer coisa como brincar
E o meu corpo é que nem farol
Indicando que pode entrar
Apontando uma direção
Pra quem quer se queimar
Procuro alguém tão singelo como eu
Que não se esconda das coisas naturais
Não tenha medo do fogo
Nem do vento que carrega
Pois, afinal, os elementos são todos iguais
Não é preciso fugir, você vai ver
A tempestade não vai lhe machucar
Se o coração é quem manda,
A natureza quer apenas lhe fazer aproveitar
E mostrando que eu sou ardente como você
Sou demente, mas quem não é?
Eu aprendo qualquer lição
Na versão que você quiser
Sonhador desses sonhos meus
Amoroso e fatal demais
Louco e solto, graças a Deus
Quero arder sempre mais

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quero ser clave em tuas mãos
E que você crave em meus pulmões
Enquanto você rasga minha pele
Com suas garras, dentes, lábios
E no fim me abraça.

Me encha, no seu colo, com todos os carinhos
E sussurre de mansinho no meu ouvido
Pra eu ficar quieto.

Domadores de leões que dominam
As feras da nossa fome
E que de lábios sujos, murchos, cegos
Comem o juizo.

Pele marcada pela brasa das pontas de nossas línguas
E o doce amargo que escorre
Por toda nossa vida.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010


Banditismo por pura maldade
Banditismo por necessidade

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Livrai-nos do Roriz. Amém!


O DF AGRADECE, OU PELO MENOS, PARTE DELE. UFA!
Agora vamos ver até quando dura, já que ele ainda pode recorrer...

Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você.

Julio Cortázar


Macalévsky.



Você é tão estranha assim desse jeito de ser
Olhar de soslaio, onde caio inteiro pra ver
Que tem lá no fundo um mar, é um rio
É um sonho.
Um não sei o quê, nessa forma estranha do ser

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Como expressar nas palavras,
os gestos que queria fazer,
as coisas que gostaria de ver,
os belos amanhecer e entardecer,
e o sombrio morrer...
faltam-se falas.
Mas ao expressar
o simples fato de escrever, falar,
nada existe para preocupar...
nada pode deturpar,
na essência pelo chorar,
no gesto por beijar,
comover e alavancar
o puro e simples "amar".

Cada lugar na sua coisa...

...porque é assim que tem que ser.
[Sérgio Sampaio]
Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
"Pouco rimo tanto com faz.
Rimo logo ando com quando,
mirando menos com mais.
Rimo, rimas, miras, rimos,
como se todos rimássemos,
como se todos nós ríssemos,
se amar (rimar) fosse fácil.

Vida, coisa pra ser dita,
como é fita este fado que me mata.
Mal o digo, já meu siso se conflita
com a cisma que, infinita, me dilata".

[Ímpar ou Ímpar, Paulo Leminski]
Engano-me
Não sou nova
Sou novamente
"tudo em mim
anda a mil
tudo assim
tudo por um fio
tudo feito
tudo estivesse no cio
tudo pisando macio
tudo psiu

tudo em minha volta
anda às tontas
como se as coisas
fossem todas
afinal de contas"

[Caio Fernando Abreu]